domingo, outubro 30, 2005

Ser paciente

É comum ouvir-se dizer que alguém perdeu a paciência.
Sendo a paciência uma virtude, parece estranha a idéia de que
possa ser perdida.
Virtudes são conquistas do espírito, que as incorpora em seu
modo de ser.
Não se trata de algo exterior, que o homem encontra e vê
desaparecer sucessivas vezes.
Quem desenvolve uma virtude passa a ser melhor em determinado
aspecto de sua vida imortal.
É possível perder-se apenas o que se possui, mas não o que se é.
Se uma característica nobre foi assimilada por alguém, ela não
pode ser perdida.
A criatura genuinamente honesta jamais extravia a própria
honestidade.
A pessoa bondosa não é privada repentinamente de sua bondade.
Assim, quando alguém afirma que perdeu a paciência é porque
nunca chegou a ser verdadeiramente paciente.
Isso não significa que as virtudes surjam de um momento para o
outro.
Elas devem ser paulatinamente elaboradas no íntimo do ser.
No longo processo de aquisição da nobreza interior, trava-se uma
autêntica batalha entre os vícios e as virtudes.
É comum que certas quedas ocorram, pois se trata de um processo
de transição.
Mas a verdade é que, enquanto a criatura titubeia entre atos
nobres e mesquinhos, ela ainda está lutando contra si mesma.
Virtudes não são propriedade de um determinado espírito, pois
compõem a sua própria essência.
Tanto é assim que habitualmente se fala que alguém é bondoso, e
não que possui bondade.
Enquanto estamos com dificuldade para tolerar certas pessoas ou
situações, ainda não somos pacientes.
No máximo, estamos lutando para incorporar essa virtude.
Afinal, é fácil conviver pacificamente com quem pensa igual a
nós, ou suportar pequenos inconvenientes.
O teste para nossa fibra moral é suportar com serenidade grandes
contrariedades ou provocações.
A verdadeira paciência é sempre exteriorização da alma que já
realizou muito amor em si mesma.
Plena de amor, ela distribui os tesouros de seu afeto aos que a
rodeiam, mediante a exemplificação.
A alma paciente já consegue considerar todas as criaturas como
irmãs, em quaisquer circunstâncias.
Se necessário, ela esclarece a ignorância, mas sempre de modo
fraterno.
Paciência é a tolerância esclarecida que revela a iluminação do
ser que a manifesta.
Trata-se de uma conquista sublime, somente alcançada a custo de
disciplina e esforço.
Para ser paciente é preciso domar os próprios impulsos
inferiores.
Quem pretende ser tolerante deve cessar de ver problemas nos
elementos externos, sejam pessoas ou circunstâncias.
Precisa compreender que todo o mal que atinge a criatura em
evolução vem dela própria, de seu interior carente de renovação.
Quem percebe as suas seqüelas morais, sem disfarces ou
desculpas, naturalmente tende a olhar o próximo com tolerância.
Mas não basta apenas perceber os próprios problemas.
É necessário corrigi-los, com a adoção de novos padrões de
comportamento.
A disciplina antecede a espontaneidade.
Transformar vícios em virtudes pressupõe disciplina e
determinação.
Assim, para ser paciente é preciso esforço em tolerar as
dificuldades e os defeitos alheios.
Mas também é indispensável trabalho concentrado para vencer os
próprios vícios.
Pense nisso.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na questão 254 do livro 'O
Consolador', do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
ed. FEB.

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